12 de setembro de 2007

Mort

Para benefício de alguns leitores, e porque apetece, hoje trago-vos "Mort", de Terry Pratchett, um livro absolutamente hilariante, com um humor que raia o genial. Este é o segundo volume de uma série passada no Discworld, mundo em forma de disco, que repousa sobre quatro elefantes, que por sua vez repousam na carapaça da Grande A'Tuin, uma gigantesca tartaruga espacial. Também é descrito no Guia Discworld como "uma pizza geológica, mas sem anchovas". Para mais pormenores, visitem o site do autor, vale bem a pena. Voltando ao livro, esta é a história de Mortimer, Mort para os amigos, que por diversas vicissitudes se vê como aprendiz da Morte. Sim, ela mesma, com gadanha e tudo. A morte gosta de cozinhar, de comer, e de gatinhos. E tem um garanhão branco chamado Binky. Mort mete-se, como convém, em sarilhos sérios, ao longo de todo o livro. São no entanto a linguagem cáustica e o humor irónico de Terry que me leva a rir até às lágrimas... Deixo-vos com um pequeno excerto, para abrir o apetite! Nota positiva também para a excelente tradução de Mário Dias Correia, que há poucas coisas tão desagradáveis como uma má tradução!
« O ar adquiriu um toque espesso, oleoso, e as profundas sombras à volta de Mort orlaram-se de arco-íris azuis e purpúreos. A figura avançou para ele, com a capa a ondular e os pés a fazerem pequenos ruídos secos no empedrado. Eram, aliás, os únicos sons - o silêncio descera sobre a praça como um grande pedaço de algodão em rama.
O Efeito, verdadeiramente impressionante, foi estragado por uma mancha de gelo no chão.
- OH, MERDA.
Não foi exactamente uma voz. As palavras estavam lá, sem dúvida, mas chegaram à cabeça de Mort sem se darem ao incómodo de passar pelos ouvidos.
O rapaz precipitou-se para ajudar a figura caída, e deu por si a agarrar uma mão que era apenas osso polido, liso e amarelecido como uma velha bola de bilhar. O capuz deixou ver um crânio cru, que voltou para ele as órbitas vazias. (...)
- Espero que não se tenha magoado, senhor - disse, delicadamente.
A caveira arreganhou os dentes. Claro, pensou Mort; também não tinha alternativa.»
Resta dizer que a Morte fala sempre em maiúsculas, como convém a uma Morte de respeito...

Enjoy!! =)

8 comentários:

Cataclismo Cerebral disse...

Tem ar de delírio cómico daqueles que prendem a atenção. Deixa-me dizer que a capa é belíssima...

bjocas

Betty Coltrane disse...

sim, a capa é maravilhosa, apetece ler só por isso!! =)

Nuno T. disse...

Ok!
Estou convencida! Vou comprá-lo!
Obrigada :D
Bjinhos

Maria del Sol disse...

Já estive a esperitar o site e confesso que também estou curiosa... e sim, as bibliografias das nossas cadeiras são a prova do quão necessitados estamos em Portugal de boas traduções ;)

Anónimo disse...

lolol é mt comico imaginar a morte a dizer «oh merda...». depois emprestas-mo?... :P

Nuno T. disse...

Betty tens um prémio à tua espera no meu blog :D

Bjinhos

passarola disse...

isso inspira-me. Agora que estou a acabar o Rushdie, acho que o vou tentar descobrir. :)

Vera Isabel disse...

ver se passo a associar pratchett a TI (por exemplo), para deixar de associá-lo a um fã dele que eu conheço, qu'é um gabarola de primeira...
...é. eu associo cd's, livros, filmes a pessoas e depois é o caos!!!!
caos, digo-te!!!