Devo confessar que o conceito me causou alguma repulsa no primeiro instante, pois imediatamente me vieram à memória (visual e olfativa) os contentores fedentes que se encontram pelas nossas ruas. Ao continuar a ler, os meus receios acalmaram-se, e até me surgiu uma certa simpatia pela causa. Tem lógica, de facto. Ironicamente (ou talvez não) é algo só possível nas grandes metrópoles, tais como Nova Iorque. Não estou a ver um Freegan a conseguir sobreviver comodamente sequer em Lisboa, quanto mais em qualquer das outras cidades do nosso país. Bem, um talvez, mas uma comunidade? Não me parece possível, mas e daí talvez eu não tenha uma noção muito boa da qualidade e quantidade de lixo da nossa capital. Em geral não tenho qualquer problema com roupa usada (sou fã acérrima das lojas de roupa em segunda mão e das feiras, e quem me conhece sabe isso), ou com recuperar objectos do lixo (o candeeiro do meu quarto tem essa origem, por exemplo), e adoro criar algo novo com velhos materiais. Continuo no entanto, uma irremediável consumista. Não digo que não pudesse prescindir destes pequenos luxos (música, livros, sapatos e acessórios, principalmente), mas acho que se pudesse escolher, não o faria. E depois, tenho uma relação de amor supremo com a comida e com a culinária (dêem-me uma cozinha bem equipada e eu sou uma mulher feliz). Alimentos frescos, plenos de vitalidade e sabor - fonte de prazer absoluto... A ideia, não deixa no entanto de me cativar. Nunca serei Freegan em Portugal. Mas não digo que não o seria se vivesse em Nova Iorque por exemplo. E visto que ainda não inventaram uma máquina do tempo, continuamos a não saber o que o futuro nos reserva, não é verdade? ;)
Fiquem bem!