15 de junho de 2006

A beleza do bizarro, a morte do amor e a vitória da apatia

Que mês horrível. E ainda vai a meio... Música repeat da noite: Coco Rosie feat. Antony - Beautiful boys. "All those beautiful boys, pimps and queens and criminal quears... All those beautiful boys, tatoos of ships and tatoos of tears..." (desculpem se houver erros, mas já nem vejo bem. A culpa é da história da arte!). Não é preciso comentar, pois não? Divinalmente decadente. Vozes de anjo (acho que já me estou a repetir, mas não faz mal) cantando a glória da fragilidade, da corrupção terrena. Para escutar quando se está (estou) no fundo do fosso, ou com necessidade de enlevação intelectual.
Outra das músicas de hoje foi El Desierto, de Lhasa de Sela - "Porque el alma pierde el fuego quando decha de amar" (Maria, corrige-me, eu não sei espanhol!! =]). Vocês percebem! Que voz! Que sentimento! Só me fez ficar mais na m****, mas não importa, é lindo na mesma.
Acho que o ponto alto do dia foi quando emergi da toca, para observar as belíssimas (hoje estou numa de superlativos) nuvens do crepúsculo, durante uma aberta. Já pararam para observar um espetáculo destes? O céu enche-se de remoinhos de cor, numa paleta que oscila entre o laranja e o cinzento, passando pelo roxo e o rosa, cortados pelas moles de nuvens rebeldes, compactas e escuras ou etéreas e transparentes, uma dança que dura cerca de meia hora, à medida que a luz se retira. É de ficar com a "alma lavada". Sei que é cliché, mas é mesmo o que se sente, sensação aumentada pelo cheiro da terra molhada, do ar fresco, vibrante. Infelizmente, depois voltam os livros, o computador, a luz artificial, os olhos secos, o cérebro cansado, e a "alma" volta a mirrar. É depois a Vitória da Apatia, visto que já nem resta energia para qualquer outra coisa. Nem para dormir bem... :/
Vida de estudante (qualquer que seja o estudo), para uns melhor que para outros, mas todas com pontos de comunhão. A minha não deve ser das piores, mesmo assim...
Até à vista! (ou não)

Música para tempestade

O tempo chuvoso voltou, mesmo a tempo de estragar os feriados (a quem os tem...), e trazendo mais um pouco desta atmosfera ozonal, tão perfeita para a reflexão (não ter os pés molhados também ajuda muito), e para audição dos álbuns mais negros e depressivos da nossa discografia! Oh, joy!
"i'd watched the rain claw at the glass, and a vicious wind blew hard and fast. I should have taken it as a warning...". Pois é, No More Shall We Part, Nick Cave & The Bad Seeds, é sempre a minha primeira escolha para estes dias. É quase compulsivo: "The ladders of life that we scale merrily, move mysteriously around, so that when you think you're climbing up, man, in fact you're climbing down." Perfeito! É um álbum não consensual, mas um dos meus favoritos - daqueles que alteram o ritmo cardíaco à primeira audição. Há quem odeie. Eu amo!
Depois: "Hope there's someone who take care of me, when i die, will i go?". O único artista que até hoje me fez chorar num concerto - Antony, pois claro! A marioneta descontrolada com voz de anjo, que destila melancolia a cada acorde! I am a bird Now, um dos melhores álbuns de 2005. As companheiras Coco rosie também são bem vindas ao funeral. Leonard Cohen idem, especialmente um monumento intitulado "The avalanche", do Songs of Love and Hate. Sim, esse que influenciou o Nick! :)
Tindersticks também vêem a calhar, obviamente! ;)

Isto de ter um blog até é engraçado. Este nasceu mesmo por acaso: queria deixar um comentário no da Radar! :) Uma coisa levou a outra, e aqui estou eu a escrever baboseiras sem conteúdo... Que quase ninguém vai ler. Isso retira-lhes o valor, ou ele existe independentemente de quem o lê? Será que o valor atribuído por mim durante a escrita vale por si? Vêem o que eu digo acerca do tempo? ;)

"Babe, it seems so long, since you've been gone, and i just got to say, that it grows darker whit the day"

Bye!