19 de setembro de 2007

Almas gémeas II

Sombra de um casal de namorados incomodado por nós no castelo de Palmela

Não é primeira vez que escrevo sobre este tema. Possivelmente não será a última, visto que de quando em vez me volta à mente. É uma ideia muito agradável, a de que haverá possivelmente uma pessoa que nos complementa. Tal como me é agradável a ideia de ter uma alma. Não sei se a tenho, no entanto, e assim, como poderia ter esta uma metade perdida? Há certamente, por outro lado, pessoas que partilham da mesma solidão (seja esta pequena ou grande), dos mesmos interesses (cada vez mais fácil), e quiçá de uma mesma maneira de ver a vida. Sempre houve, dizem vocês, é a história das relações humanas. Certo. Mas a diferença é que essas pessoas agora estão ao alcance de um toque no botão de um rato, de um programa de computador, dentro da luz de um ecrã, na intimidade das nossas casas. A blogoesfera é um exemplo acabado disso mesmo... Não faltam por aí locais onde um cibernauta pode conhecer pessoas, e mesmo alguns especializados em acabar com a solidão alheia. Estamos então perante toda uma nova dimensão do relacionamento, como não se viu em milénios de história. De base intelectual, é fundamentado num pressuposto de confiaça à priori: confiamos que quem está do outro lado está a ser sincero, que não nos engana, que não nos leva a acreditar numa falácia. Nem sempre é assim, obviamente, é um dos atractivos deste tipo de meio - poder criar uma outra pessoa, que achamos mais brilhante que o nosso eu, um upgrade de personalidade! Agora, por muito que estejamos adaptados à tecnologia, o nosso corpo não está programado para responder a estímulos puramente intelectuais, quando se trata de paixão, ou seja, da famosa alma gémea. Qual é o tipo de amor que nasce quando não se ouve uma voz, quando não se sente um abraço, quando não se cheira um perfume? Poderá ser chamado amor ainda? Ou será esta a verdadeira busca da alma gémea, no fim? - porque se não há corpo, esta é verdadeiramente a simbiose de duas almas. Tais são as maravilhas da tecnologia, hum?
(não percam muito tempo a pensar porque é que eu estou a falar disto. tempo a mais em frente ao computador, é o que é... hehe!!!)