23 de setembro de 2007

R.I.P., Marcel Marceau...

As luzes da sala apagam-se, ficam as do palco. Uma figura pequena e frágil surge, cabeça coroada por uma mata de cabelo avermelhado e revolto, a face pintada. O silêncio é preenchido pela música, as palavras não são para aqui chamadas. Acabava de entrar em cena Marcel Marceau, o maior mimo do século XX, num CCB não lotado, mas totalmente rendido. Aos oitenta anos, ainda o seu corpo possuía uma flexibilidade de dançarino, enquanto realiza o seu teatro da vida, as mãos como pássaros movendo-se e transformando o espaço. Bip surge na segunda parte, calças brancas subidas, camisola de peitilho às riscas, cara branca. Torna-se um amante, duas pessoas numa, um abraço apertado num corpo que é dois. Chora, ri. Faz-nos chorar e rir com ele.O Artista em todo o seu esplendor, aquele que é capaz de encher uma sala com a sua mera presença. Foi esta a impressão que Marcel Marceau deixou em mim, numa tarde de Dezembro, quatro anos atrás. Morreu ontem, aos 84 anos. Uma perda para o mundo, mas mais uma aquisição para a imortalidade! Fecho com uma homenagem em vídeo - pois, de facto, com Marceau, as palavras são o menos importante...