30 de julho de 2006
Homem
O Homem
Pensava, pensava
E só pensava
Nada dizia
De tanto pensar
Calado estava e nada dizia
Pensava na vida
Pensava, pensava
De tanto pensar
Às vezes falava mas nada dizia
O Homem
Que só pensava
Um dia pensou enquanto falava
Falou, falou mas pouco dizia
Voltou a pensar
Porque ninguém o ouvia
E num momento
Enquanto pensava
Pensava e sorria
Para quê falar, se ninguém o ouvia
O Homem
Que só pensava
Às vezes dormia
Às vezes sonhava
E quando acordava
Pensava que ainda dormia
E o mundo mudava
O Homem não via
Troavam canhões
A fome crescia
Crianças sofrendo
E o Homem pensava, nada fazendo
O Homem sofria mas nada fazia
Pensava, pensava
E enquanto pensava
O Homem morria
José Raposo, Afectos e Cumplicidades, Ed. autor, Setúbal 2006
O Velho Barco
O velho barco partiu
P'ra rude faina do mar
E há quem diga que viu
O velho barco chorar
Partia sem rumo certo
Mas decerto já sabia
Não ia ficar por perto
Na última vez que saía
O velho barco chorava
Não por ter medo do mar
Sabia que não voltava
Nunca mais a navegar
E hoje o barco velhinho
Que já não navega mais
Vive triste e sozinho
Encostado a qualquer cais
José Raposo, Afectos e Cumplicidades, Ed. de Autor, Setúbal, 2006
P'ra rude faina do mar
E há quem diga que viu
O velho barco chorar
Partia sem rumo certo
Mas decerto já sabia
Não ia ficar por perto
Na última vez que saía
O velho barco chorava
Não por ter medo do mar
Sabia que não voltava
Nunca mais a navegar
E hoje o barco velhinho
Que já não navega mais
Vive triste e sozinho
Encostado a qualquer cais
José Raposo, Afectos e Cumplicidades, Ed. de Autor, Setúbal, 2006
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