3 de dezembro de 2007

O universo perverso dos contos infantis ou às vezes dá-me para isto

Branca de Neve vista por Paula Rego

Desde que comecei a ter algum discernimento, e como apreciadora de contos tradicionais que sou, sempre me fez alguma confusão a maneira como estes são adoçados para os ouvidos das criancinhas. No entanto, continua tudo lá, nas entre-linhas. A crueldade é óbvia, na grande maioria das vezes. Já devem ter percebido que não estou a falar de contos Disney-style, mas daqueles escritos, naqueles que vinham nos livros para ler às crianças. Nos contos de Grim, por exemplo, entre outros. Mas não são para crianças, de facto, fazem parte da tradição oral, são lições. O conteúdo sexual foi disfarçado, claro, quando se tornaram parte do imaginário infantil. Por exemplo... Quando o caçador veste a pele do lobo, no capuchinho vermelho, é para tomar o capuchinho, que não me parece que seja uma criança, mas antes uma suculenta adolescente. Isto são considerações leigas, se por milagre passar por aqui alguém que perceba do assunto, corrijam-me, por favor. Mas porque é que eu estou a falar disto? Bem, há uns tempos dediquei algum tempo a analisar a história da branca de neve e dos seus anões, durante uma viagem de carro. Cheguei a algumas conclusões:
1º- A rainha não estava com inveja da beleza da afilhada, é mais provável que tenha agido por motivos económicos e para garantir a segurança da sua própria descendência. E talvez para contrariar alguma tendência incestuosa daquele pai extremoso.
2º- O caçador não a liberta por ter bom coração, mas sim porque a rapariga era muito boa nos favores sexuais...
3º- A princesa vai parar à casa dos anões. Ok. É uma princesa, ou seja, uma pirralha mimada, nunca lhes iria limpar a casa... Depois, eles são 7. São anões, não são gnomos. Trabalham o dia inteiro nas minas, o que quer dizer que são fortes e com pouco na cabeça, além de estarem sujeitos a uma enorme solidão e a consequentes tendências sodomitas. Portanto...
4º- A princesa não passaria o dia a cuidar deles e a tratar-lhes da casa, mas tranformar-se-ia muito provavelmente na sua escrava sexual. O que talvez não lhe desagradasse totalmente, e o que a inviabilizaria irremediavelmente enquanto provedora de herdeiros reais, e que seria exactamente o objectivo da rainha ao mandá-la para ali.
5º- Posto isto... É muito provável que não tenha sido envenenada com uma maçã, mas que tenha tido problemas com o parto do descendente dos anões. O que possivelmente também teria acontecido à rainha, em vez de morrer por ter brasas nos sapatos.
Parece-me que as coisas assim são muito mais lógicas, não? Também são menos interessantes, e não dão um conto. E não há passarinhos a bailar e a cantar. Nem pentes, nem fitas apertadas no pescoço. Mas não deixa de me agradar.Tal como a visão ali de cima da Paula Rego, mais orgásmica que outra coisa. E tal como esta outra versão alternativa da história aqui em baixo:


Peço desculpa se destruí os sonhos a alguém... Mas já é altura de se ir questionando o que nos enfiam na cabeça em crianças. Afinal de contas, porque será que tem sempre que ser o lobo a morrer?
;P